quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Geriatria. Apetite e Peso


A anorexia ou a falta de apetite pode estar relacionada a moléstia do aparelho digestivo ou a problemas psicológicos. Na terceira idade o estado depressivo é causa freqüente de inapetência. Vários medicamentos podem também induzir a diminuição do apetite, destacando-se os digitálicos, medicamente utilizado em doenças do coração. O estado febril e as infecções em geral são sempre acompanhados de inapetência.

Dr. João Roberto D. Azevedo
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Na terceira idade há uma tendência a perda de peso. A mulher tem aumento progressivo de peso até os 50 anos, quando se estabiliza, passando a declinar após os 70 anos. Este também é o padrão do que ocorre com os homens, com a diferença que o ganho de peso passa a diminuir após os 40 anos.

O que ocorre é uma perda progressiva da massa muscular e da massa óssea com a idade. Por outro lado ocorre um aumento, também progressivo, da massa gordurosa. Há também uma diminuição das necessidades de energia que se acentua com a eventual diminuição da atividade física.

A obesidade ou o excesso de peso é prejudicial em qualquer idade, devendo ser evitado na terceira idade. A obesidade é um fator de risco para as doenças cardíacas, sendo também prejudicial às articulações. O repentino aumento de peso está sempre relacionado a algum problema que deve ser investigado, destacando-se doenças hormonais e neurológicas. Manter um corpo magro é considerado um dos grandes fatores de bem estar na terceira idade.

O emagrecimento é uma situação que deve ser vista sempre com muito critério, principalmente quando ocorre de maneira rápida. Na terceira idade ocorre uma tendência natural a perda de peso, mas o emagrecimento nesta fase da vida pode também estar relacionada a alterações metabólicas como ocorre no diabetes sem controle, por exemplo, em doenças digestivas ou intestinais, na moléstia cancerosa, e também em problemas psicológicos.

Os açúcares ou carboidratos são responsáveis pela maior parte da energia obtida pelas pessoas através da alimentação, além de ter importância em tornar os alimentos palatáveis. Existem vários tipos de açúcar de acordo com a sua estrutura química. A glicose e a frutose são açucares denominados monossacarídeos.

Quando se fala em açúcar no sangue fala-se em glicose. O aumento da glicose no sangue significa diabetes, doença que está relacionada a problema no metabolismo da glicose. A diminuição de glicose no sangue é denominada hipoglicemia. Além da glicose e da frutose existem também outros açúcares como a maltose (do malte), a lactose (do leite), a celulose, o glicogênio e o amido.

As principais fontes de açúcar na natureza são a cana-de-açúcar e a beterraba, passando então pelo processo industrial da refinação. O açúcar é rapidamente digerido sendo uma fonte de energia para o organismo.

O excesso de ingestão de açúcar pode levar a problemas de saúde destacando-se o aumento de peso. O açúcar deve ser utilizado com moderação. Grande parte dos alimentos existentes na natureza já contém quantidades mais do que suficientes de carboidratos para satisfazer nossas necessidades energéticas. A maior fonte de açúcares são os vegetais.

A batata, a beterraba, a cenoura e de uma maneira geral, todas as raízes, são os alimentos mais ricos em carboidratos.

Alguns tipos de carboidratos, como as fibras, não são digeríveis e por isso não são absorvidos pelo organismo, atingindo os intestinos intactos. São componentes de diversos alimentos: cereais integrais (farelo de trigo e de aveia), legumes, verduras, e frutas (bagaços de laranja e de mexerica, abacaxi, manga, casca de maçã, etc).

Com a industrialização dos alimentos e a sua refinação houve grande perda de fibras na alimentação. As fibras têm papel fundamental para o bom funcionamento do aparelho digestivo. São substâncias que não podem ser digeridas pelas enzimas do estômago contribuindo para a formação das fezes.

Basicamente as fibras agem nos intestinos diminuindo o tempo do trânsito intestinal e combatendo a obstipação intestinal agindo como reguladoras do ritmo intestinal.

Observa-se que a alimentação rica em fibras diminui as doenças do intestino grosso (diverticulites, por exemplo) e as doenças da vesícula biliar (colecistite). Combatem ainda a "prisão de ventre" ou constipação, e as hemorróidas. Provoca também a diminuição nos níveis do colesterol e é benéfica no diabetes, auxiliando o controle do açúcar sangüíneo. A dieta rica em fibras também provoca diminuição na incidência do câncer do intestino grosso.

A sua utilização deve fazer parte regular da dieta em qualquer idade, mas deve ser sempre equilibrada com a ingestão de proteínas e gorduras.

O exagero na ingestão de fibras, por outro lado, pode levar a diminuição na absorção intestinal de certas substâncias importantes para o organismo, como o zinco.

A utilização de adoçantes é muito comum em nosso meio e tem até uma conotação de ser um hábito saudável. Trata-se de substância química de baixo conteúdo calórico utilizado para adoçar alimentos.

A sacarina, o aspartame, a frutose e o sorbitol são utilizados em larga escala. O consumo em grandes quantidades pode levar a distúrbios gastrintestinais como cólicas e diarréia. Os ciclamatos foram abolidos por serem carcinogênicos em animais. A estevia, derivada de vegetal, foi desenvolvida em nosso meio e apresenta excelente capacidade adoçante, sendo a calórica.

As gorduras formam com as proteínas e os a açúcares as principais fontes de energia das pessoas. Devem representar cerca de 30% do conteúdo de nossa dieta em condições normais. Têm também a função de transportar vários tipos de vitaminas pelo sangue, as denominadas vitaminas lipossolúveis.

São responsáveis também pela integridade das células, pois formam parte dos componentes básicos de suas membranas. Participam da formação de hormônios (estrógeno, testosterona e cortisona, por exemplo) e da formação da bile. Estão presentes nas carnes, leite e ovos.

A quantidade de gorduras no sangue se altera em função do tipo de dieta, do tipo de atividade física e também com a idade.

Dietas contendo carnes gordas, vísceras, ovos, leite integral, cremes, e manteiga são ricas em colesterol. Peixe, aves e vegetais são pobres em colesterol.

As gorduras do sangue, denominadas lipídeos, são constituídas pelo colesterol e os triglicérides. Um tipo de colesterol, denominado “mau”, quando elevado, está relacionado ao processo de arteriosclerose e das doenças cardíacas.

O colesterol é formado pelos colesteróis de baixa densidade (CBD – também conhecido como LDL) ou “colesterol mau” e os de alta densidade (CAD – também conhecido como HDL) ou “colesterol bom”, que podem servir para avaliação de risco de doença cardíaca em adulto jovem.

Os níveis sangüíneos de colesterol bom ou CAD no adulto de meia idade estão associados a doença das coronárias, isto é, quanto mais baixo os níveis de colesterol de alta densidade maior o risco de infarto do miocárdio ou de doença das coronárias; a sua elevação está relacionada à redução do risco da doença. Estes números não valem para os idosos, principalmente aqueles com mais de 75 anos de idade.

O risco entre colesterol total elevado e doença das coronárias desaparece entre os homens idosos e praticamente não existe entre as mulheres idosas.

Os níveis de triglicérides no sangue não se relacionam a coronariopatia entre os idosos.

Todas as gorduras se alteram com a idade e são diferentes quando comparados homens e mulheres. O colesterol tende a aumentar continuamente entre as mulheres até os 70 anos de idade (a níveis superiores aos dos homens), quando passa a diminuir.

Nos homens o aumento do colesterol ocorre entre os 30 e 50 anos de idade e depois se estabiliza até os 70 anos, quando também passam a declinar. Os colesteróis de alta densidade (CAD) se mantém estáveis no homem até os 60 anos quando tendem a aumentar.

Na mulher o CAD permanece mais elevado que o dos homens até os 70 anos. Quanto aos triglicérides, tendem a aumentar durante a vida adulta nos dois sexos, passando a declinar após os 60 anos nos homens e após os 70 anos na mulher.

As proteínas formam um dos constituintes básicos das células e, portanto do organismo. São formadas pelos aminoácidos.

Qualquer dieta deve ser composta de aminoácidos para a manutenção das funções do organismo. Vários aminoácidos denominados essenciais não são sintetizados pelo organismo devendo ser ingeridos, como por exemplo: a lisina, a leucina, o triptofano e a valina.

As maiores fontes de aminoácidos são os ovos e o leite. Os grãos, o arroz, o milho, o centeio e nozes também são ricos em proteínas.

As proteínas devem representar 15% da alimentação de um idoso. O excesso de proteína não fica armazenado no organismo sendo eliminada na forma de uréia e de ácido úrico pelos rins.

Em determinadas situações, como na doença renal, a eliminação de proteínas fica prejudicada obrigando a restrição alimentar das mesmas. Em situações de carência de proteínas os aminoácidos são retirados de praticamente todos os órgãos para suprir a deficiência e manter as necessidades calóricas do organismo.

A perda de peso é a principal manifestação da deficiência protéica, ocorrendo também queda da imunidade e dificuldade no processo de cicatrização. A falta de proteínas afeta as funções cardíacas, respiratórias, hormonais e renais.

No idoso pode ocorrer falta de ingestão de proteínas em diversas situações, principalmente em pessoas hospitalizadas por longo tempo ou com dificuldade na deglutição, como ocorre nos acidentes vasculares cerebrais. A demência também é uma situação que favorece a grave diminuição de ingestão protéica.

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