terça-feira, 19 de outubro de 2010

Composto presente em aipos, pimentões e outros vegetais pode ajudar na memória


Quanto maior a idade, menor a memória? Isso pode mudar. Em um novo estudo sobre a luteolina, pesquisadores relatam que uma dieta rica em tal composto vegetal reduz as inflamações no cérebro relacionadas ao déficit de memória que pode vir com o avanço da idade.

A luteolina é encontrada em muitas plantas, como cenouras, pimentões, aipos, óleo de oliva, menta, aloe vera e camomila.

O estudo, publicado no Journal of Nutrition, examinou os efeitos da luteolina dietética no envelhecimento de ratos. Os pesquisadores focaram a atenção nas células microgliais (células imunológicas especializadas do cérebro e medula espinhal). Quando ocorre uma infecção, a micróglia é estimulada a produzir moléculas sinalizadoras, chamadas citocinas, que por sua vez estimulam uma série de mudanças químicas no cérebro. Algumas dessas moléculas sinalizadoras, as citocinas inflamatórias, induzem o organismo um “modo de doença”: a sonolência, perda de apetite, déficit de memória e comportamento depressivo que geralmente acompanham as enfermidades.

Inflamações no cérebro também parecem ser um fator de contribuição chave para os problemas de memória relacionados à idade, segundo o professor de ciências animais Rodney Johnson, da Universidade de Illinois, que conduziu o estudo. “Anteriormente nós descobrimos que durante o envelhecimento normal, algumas células microgliais ficam desreguladas e começam a produzir níveis excessivos de citocina inflamatória”, afirma o pesquisador. “Nós pensamos que isso contribui para o envelhecimento cognitivo e é um fator de predisposição para o desenvolvimento de doenças degenerativas do sistema nervoso”.

Johnson passou aproximadamente uma década estudando as propriedades antiinflamatórias dos nutrientes e vários compostos vegetais bioativos, inclusive a luteolina. Estudos anteriores haviam mostrado que o composto tem efeitos antiinflamatórios no corpo. Mas esse é o primeiro estudo a sugerir que a luteolina melhora a saúde cognitiva ao agir diretamente nas células microgliais para reduzir sua produção de citocinas inflamatórias no cérebro.

Conforme mostraram os pesquisadores, as células microgliais que foram expostas a uma toxina bacteriana produziram citocinas inflamatórias que poderiam matar neurônios. Contudo, de acordo com Johnson, quando a micróglia foi exposta à luteolina antes de entrar em contato com a toxina, os neurônios sobreviveram, porque ela inibiu a produção de mediadores neurotóxicos inflamatórios.

Os pesquisadores também descobriram que a exposição apenas dos neurônios à luteolina antes do experimento foi indiferente para sua sobrevivência. “Isso demonstra que a luteolina não está protegendo os neurônios diretamente”, afirma Johnson. “Ela está fazendo isso através das células microgliais”.

Em seguida, eles estudaram os efeitos da luteolina no cérebro e no comportamento de ratos adultos (3 a 6 meses de idade) e idosos (2 anos de idade). Eles foram alimentados ou com uma dieta controlada, ou com suplementos de luteolina, durante quatro semanas. Foram avaliados a memória espacial dos ratos e os níveis de marcadores inflamatórios no hipocampo, uma região do cérebro que é importante para a memória e a noção espacial. Normalmente, ratos idosos têm mais moléculas inflamatórias no hipocampo e não se saem tão bem nos testes de memória quanto os ratos mais jovens. Contudo, aqueles que foram alimentados com a dieta de luteolina se saíram melhor nas tarefas de aprendizado e memória do que seus pares, e os níveis de citocinas inflamatórias nos seus cérebros eram mais parecidos com os de ratos jovens.

“Quando fornecemos luteolina na dieta dos ratos idosos, os níveis de inflamação no cérebro foram reduzidos e a memória foi restaurada ao mesmo padrão vistos nos jovens”, diz Johnson. “Nós acreditamos que a luteolina acessa o cérebro e inibe ou reduz a ativação de células microgliais e a produção de citocinas inflamatórias. Esse feito antiinflamatório é, possivelmente, um mecanismo que permite que a memória seja restaurada ao que era numa idade menor”. Para ele, tais resultados sugerem que manter uma dieta saudável tem potencial para reduzir a inflamação associada ao envelhecimento no cérebro, o que pode resultar em uma maior saúde cognitiva. [ScienceDaily]

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