Quando você era criança e fazia uma mistura
de duas cores com tintas, na escolinha de artes, o resultado não era realmente
uma fusão dessas duas cores, e sim uma terceira. Se você misturava verde e
vermelho, por exemplo, obtinha uma espécie de marrom, e não uma cor
“vermelho-esverdeada” de fato. Embora existam, essas legítimas cores fusionadas
estão além da capacidade de visão do olho humano: são as chamadas “cores
proibidas”.
A origem dessa impossibilidade está no que a
ciência chama de “processo oponente”. Verde e vermelho, por exemplo, são duas
tonalidades com freqüências de luz distintas. Quando enxergamos vermelho, um
grupo de células na retina entra em atividade, e dessa forma o cérebro sabe que
deve enxergar essa cor.
Quando há luz verde, no entanto, o mesmo
neurônio tem a atividade inibida, e assim enxergamos o verde. Como as células
não podem estar ativadas e desativadas ao mesmo tempo, só podemos ver uma cor
ou outra. Da mesma forma, funciona a relação do preto com o branco e o azul em
oposição ao amarelo.
A “quebra” dessa regra aconteceu em 1983,
quando dois cientistas americanos fizeram um experimento. Voluntários foram
colocados em frente a um painel que apresentava faixas alternadas de luz
verde/vermelha, ou amarela/azul. Um rastreador ocular, então, fez a distinção:
dentro da retina de cada pessoa, metade das células recebia apenas a coloração
verde, por exemplo, e outra metade das células apenas enxergava o vermelho.
O que os voluntários viram parecia ficção
científica: as fronteiras entre as faixas começaram a sumir, e uma cor foi
inundando pouco a pouco o espaço da outra. No final das contas, eles relataram
ter observado cores que nunca haviam visto antes. Ninguém sabia descrever o que
via, a cor era “simultaneamente verde e vermelha”, ou azul e amarela.
Estudos recentes identificaram, dentro de um
espectro, como seriam essas cores. O “vermelho esverdeado”, por exemplo, é uma
espécie de cor lamacenta, não muito diferente daquela que se obtém quando
misturamos as duas tintas. Esta cor mista seria uma das chamadas “cores
proibidas”: já se sabe como ela é, mas o olho comum não é capaz de vê-la sem
ajuda de aparelhos.
Como não existe meio de enxergar essas cores
naturalmente, elas só são vistas através do velho processo de rastreamento
ocular que estabiliza a retina. O que falta acontecer, portanto, é que alguém
invente uma espécie de aparelho conversor, que possa ser colocado como um par
de óculos. Algo como um visualizador automático de cores proibidas. [LiveScience]
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