Maputo
(Canalmoz) – O consumo de tabaco, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),
tornou-se numa das principais causas de mortalidade em Moçambique.
O
facto foi dado a conhecer esta quinta-feira em Maputo durante um seminário de
capacitação de jornalistas em matéria de combate e controlo do tabagismo no
país, dado o peso que representa na saúde pública nacional.
Este
seminário foi organizado pela associação moçambicana de Saúde Pública (AMOSAPU)
em parceria com o Ministério da Saúde e OMS.
A
representante da OMS no encontro, Glória Chonguissa, referiu que o tabaco
apesar de não provocar morte imediata aos seus consumidores activos e passivos,
provoca doenças crónicas e mortíferas como: cancro e doenças cardiovasculares.
Segundo
Glória Chonguissa, neste momento estas doenças dominam o quadro epidemiológico
no país, representando a maior taxa de internamento nas unidades sanitárias
públicas em Moçambique.
O
seminário serviu para os organizadores apelarem à Imprensa para se envolver
cada vez mais na campanha de combate ao tabagismo no país através de
dissiminação de mensagens, apelando primeiro pela ratificação na Assembleia da
República do primeiro tratado internacional assinado por quase todos os países
do mundo, sendo Moçambique em Junho de 2003 durante Assembleia Mundial de Saúde
em que se comprometeram em criar leis que controlam a produção, comercialização
e consumo de tabaco tal como estabelece a convenção de quadro de controlo ao
tabaco.
Para
inverter a tendência para o grande consumo do tabaco, a OMS apela para que a
Assembleia de República de Moçambique ratifique a convenção sobre Tabaco para
que o país passe a possuir um instrumento jurídico de combate ao tabaco através
de proibição da sua produção, comercialização, consumo e banimento de
publicidade feita pelas indústrias fomentadoras que continuam a persuadir as
pessoas para consumirem o tabaco apesar do perigo que representa para a saúde
pública.
Governo deve fomentar outras culturas de rendimento
Por
seu turno, a AMOSAPU, pela voz de Francisco Cabo, diz que o sucesso do combate
ao tabagismo no país passa pelo Governo fomentar outras culturas de rendimento
e não de tabaco tal como está a acontecer neste momento.
“O
tabaco para além de ser um problema para a saúde pública tem um impacto
negativo na sociedade e na economia nacional, uma vez que mutila e mata quadros
superiores e chefes de famílias, deixando muitas crianças órfãs”, disse
Francisco Cabo.
“O
seu cultivo cria danos ambientais nos solos”, acrescentou.
Disse
ainda que “numa área onde já se cultivou tabaco os solos ficam
danificados, daí que depois já não serve para a produção de outros produtos
agrícolas”.
“Temos
exemplos de Zimbabwe e Malawi que no passado apostaram na produção de tabaco e
ficaram com os seus solos completamente danificados e hoje em dia estão a
passar por momentos críticos em matéria de alimentação “, sublinhou Francisco
Cabo.
Dados
estatísticos do Ministério da Agricultura (MINAG) indicam que neste momento a
produção de tabaco envolve mais de 150 mil famílias em todo o país.
Anualmente,
ainda de acordo com os dados, o país produz cerca de 60 mil toneladas que são
exportadas para países como África do Sul, Alemanha, França, Holanda,
Inglaterra, Dinamarca, Argentina, Brasil e Costa Rica.
No
total, segundo o Ministério da Agricultura, a indústria tabaqueira em
Moçambique emprega 7.230 trabalhadores entre permanentes e sazonais.
Refira-se
que, de acordo com os dados da OMS, em todo o mundo morrem, por ano, mais de
seis milhões de pessoas por consumo de tabaco, dos quais 70% das mortes ocorrem
em países em via de desenvolvimento, incluindo Moçambique.
Segundo
a OMS, dos seis milhões da vítimas mortais por causas derivadas do consumo de
tabaco mais de 80% são consumidores passivos. (Raimundo Moiane)
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