Segundo dados recentes do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida do
brasileiro nascido em 2010 alcançou 73,4 anos. Em comparação com dados de 1960,
a perspectiva de vida aumentou 25,4 anos (era de 48 anos).
Apesar desse aumento de vida ser geral,
muitas pesquisas mostram que os homens vivem menos que as mulheres. No Brasil,
por exemplo, a expectativa de vida dos homens era de 69,73 anos em 2010, e das
mulheres, 77,32 anos, uma diferença de sete anos, sete meses e dois dias.
Os homens têm 4,5 mais chances de morrer na
juventude do que as mulheres. A sobremortalidade masculina tem seu pico aos 22
anos de idade, quando a chance de um homem morrer é 4,5 vezes maior do que a de
uma mulher. Conforme ficam mais velhos, essa diferença diminui, mas, aos 70
anos, a chance de um homem morrer é mais de 1,5 maior do que a chance de uma
mulher da mesma idade morrer.
Por quê? Os homens não se cuidam?
Alimentam-se pior? Não vão ao médico? Têm mais comportamentos de risco que as
mulheres?
Pode ser que tudo isso seja verdade, mas um
novo estudo da Universidade Monash (Austrália) indica que um componente
genético pode favorecer as mulheres: mutações no DNA da mitocôndria. Elas podem
explicar as diferenças na expectativa de vida de machos e fêmeas.
Sim, machos e fêmeas, porque essa expectativa
de vida maior é vista nas fêmeas de várias espécies, não somente nos seres
humanos.
As mitocôndrias, que existem em quase todas
as células animais, são vitais para a vida porque convertem o que comemos em
energia que alimenta nosso corpo. As mitocôndrias têm seu próprio DNA, separado
do DNA que reside no núcleo da célula (que é o que pensamos quando falamos de
genoma).
Os pesquisadores analisaram diferenças de
longevidade e envelhecimento biológico em moscas machos e fêmeas que carregavam
mitocôndrias de diferentes origens. Ou seja, as moscas da fruta (Drosophila
melanogaster) tinham, todas, o mesmo DNA celular, mas possuíam DNA mitocondrial
de 13 diferentes populações de moscas da fruta ao redor do mundo.
Eles descobriram que a variação genética
entre estas mitocôndrias estava relacionada à expectativa de vida no sexo
masculino, mas não no feminino.
Isso significa que as inúmeras mutações no
DNA mitocondrial afetam o quanto os homens vivem e a velocidade com que
envelhecem, mas não afetam em nada as mulheres.
Os cientistas especulam que as mutações podem
ser totalmente atribuídas à forma como os genes mitocondriais são passados de
pais para filhos. Enquanto as crianças recebem cópias da maioria de seus genes
de ambos os pais e as mães, elas só recebem genes mitocondriais de suas mães.
Isto significa que o “controle de qualidade”
da evolução, conhecido como seleção natural, apenas filtra a qualidade de genes
mitocondriais em mães. Se uma mutação mitocondrial que prejudica apenas os pais
ocorre, ela passa “sem querer” pelo olhar da seleção natural. Ao longo de
milhares de gerações, muitas dessas mutações que prejudicam machos se acumulam.
Ou seja, normalmente, a seleção natural ajuda
a manter mutações prejudiciais ao mínimo, garantindo que não sejam transmitidas
para a prole. Mas, se uma mutação do DNA mitocondrial é perigosa apenas para os
machos, mas não para as fêmeas, não há nada que impeça a mãe de passá-la para
seus filhos e filhas.
Isso significa que os machos estão “ferrados”
para sempre? Não, como é evidenciado pelo fato de que eles não foram extintos
ainda. É possível que o genoma nuclear – o DNA que herdamos de nossos dois pais
– esteja compensando a deficiência mitocondrial nos homens. Em outras palavras,
os homens cujos genomas podem neutralizar os efeitos desagradáveis de mutações
mitocondriais podem se sair melhor e transmitir seus genes de forma mais
eficaz.
O próximo passo da pesquisa é investigar os
mecanismos genéticos que podem ajudar os homens a anular os efeitos dessas
mutações prejudiciais e se manterem saudáveis.[MedicalXpress, LiveScience, G1 1 e 2]
Sem comentários:
Enviar um comentário