Ao chegar ao hospital, o Dr. Louis F. Janeira,
eletrofisiologista cardíaco, achou que seria um dia como outro qualquer. Até
que ouviu os gritos do segurança de “Ponha ela no chão!”. O médico foi correndo
ver o motivo do alarde, e, naquele momento, percebeu que a rotina passaria
longe de seu dia: viu um homem de mais de 2 metros de altura segurando uma
pequena mulher de cabeça pra baixo. “Preciso segurá-la assim”, insistiu.
O segurança achou um absurdo e tentou libertar a
mulher, enquanto a multidão assistia. Para evitar que alguém se ferisse, Dr.
Janeira pediu que todos se acalmassem e tentou entender a situação.
O gigante, Jason, era marido da pequena senhora de
60 e poucos anos, Mary. No dia anterior, Mary deu entrada no hospital, pois
estava com seu ritmo cardíaco perigosamente baixo (40 batidas por minuto, sendo
que o normal seria entre 60 e 80), causando desmaios constantes. Não fosse por
uma operação de emergência, na qual o médico implantou um marca-passo em Mary,
a situação teria se agravado.
“Não esperava ver você tão cedo”, disse ele, logo
que se lembrou da paciente. Ela tivera alta pela manhã e, segundo o casal, tudo
estava bem até meia hora atrás, quando Mary desmaiou. Jason a colocou na cama
e, depois de quatro tentativas, percebeu que ela não conseguiria se manter em
pé: bastava se erguer um pouco e desmaiava novamente. Apenas de cabeça para
baixo Mary conseguia manter a consciência.
Diagnóstico
urgente
Sem demora, o médico começou a imaginar os vários
diagnósticos possíveis. Talvez uma obstrução estivesse impedindo o fluxo de
sangue, ou a pressão estivesse tão baixa que o coração não era capaz de bombear
sangue até o cérebro. Reação alérgica, choque anafilático, desidratação,
tamponamento cardíaco (acúmulo de líquido em torno do coração, a ponto de
atrapalhar os batimentos)… eram muitas causas possíveis.
Mais estranho ainda era o fato de o
recém-implantado marca-passo não ajudar. O aparelho, composto por um gerador de
corrente e um fio, é capaz de estimular o coração a bater corretamente, e
raramente falha: segundo dados do St. Jude Medical, um dos maiores fabricantes
de marca-passos dos Estados Unidos, apenas 97 de 220 mil de seus aparelhos
apresentaram problema de desconexão em 30 dias após o implante. Parece que era
o caso de Mary.
Ainda carregada por seu marido, ela foi levada até
a sala de cirurgia para uma nova intervenção, na qual o marca-passo seria
reconectado. Como injeções de epinefrina (substância que acelera os batimentos
cardíacos) não surtiam efeito, o procedimento foi feito com Mary pendurada de
cabeça pra baixo.
No dia seguinte, Dr. Janeira recebeu novamente a
paciente, mas desta vez ela estava de pé e fora agradecer pelo apoio e mostrar
que a cirurgia havia sido um sucesso. Com a promessa de fazer revisões em seu
marca-passo a cada três meses, ela saiu do hospital, dessa vez caminhando ao
lado de seu gigantesco marido.[Discover Magazine]
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