Se você acompanha os noticiários internacionais,
está ciente da onda de tiroteios e assassinatos em massa que anda
acontecendo nos EUA. Só nos últimos dias, ocorreu um terrível assassinato em
massa em um cinema no Colorado, um duplo
assassinato no Texas, e uma troca de tiros com seis vítimas em um templo em Oak Creek.
No Brasil, casos assim podem não ser tão comuns,
mas já fizeram manchetes, como o do bairro Realengo, no qual um jovem foi à escola
municipal onde havia estudado e matou a tiros 12 crianças no dia 7 de abril de
2011, no Rio de Janeiro.
Assassinatos
em massa, ou massacres, representam o assassinato simultâneo ou em curto
período de tempo de um grande número de pessoas. Mas seriam todos os assassinos
em massa, ou mesmo assassinos em série, psicopatas?
Não.
O termo “psicopata” é muito mal compreendido. Ele é
muitas vezes usado para descrever situações como as acima, mas uma coisa pode
não ter nada a ver com a outra. Não é por que algo terrível, cruel, ou
incompreensível para a maioria de nós aconteceu, que um psicopata tem que estar
envolvido. Inclusive, os psiquiatras defendem que nem todo
psicopata é sequer perigoso.
A
psicopatia
A psicopatia é um
transtorno de personalidade complicado e pouco entendido. Marcado por
traços como ousadia, coragem, crueldade, agressividade e impulsividade, muitas
pessoas acham que psicopata equivale a serial killer, como o caso brasileiro
famoso do Maníaco do Parque, que estuprou, torturou e matou pelo menos seis
mulheres em São Paulo.
Mas isso não é verdade. Estima-se que cerca de 1% a
3% da população em geral seja psicopata. Isso significa que uma em cada trinta
pessoas pode ser diagnosticada como psicopata, e cinco milhões delas podem
existir só no Brasil. Cinco milhões de assassinos frios? Não. Muitos deles não
só não demonstram comportamento violento, como nem sequer têm ficha criminal.
A psicopatia é caracterizada principalmente pela
total ausência de compaixão, culpa e medo, além dos psicopatas geralmente
exibirem inteligência acima da média e habilidade para manipular as pessoas à
sua volta. Isso significa que eles são, sempre, desagradáveis e difíceis de se
conviver, mas não assassinos. Inclusive, já existe um debate
que tenta entender se a psicopatia é uma doença e, portanto, se a pessoa
deveria ser tratada com paciente ou ao invés de criminosa, caso tenha
cometido alguma infração.
Discussões morais à parte, o que é fato é que
maioria dos psicopatas não mata ninguém, e nem todo mundo que mata é um
psicopata.
Assassinos
em massa x psicopatas
As evidências recentes sugerem que os americanos
dos últimos episódios violentos não são psicopatas. Psicopatas são pessoas que
geralmente não têm empatia, não sentem remorso ou culpa por seus atos.
Jared Loughner, por exemplo, o jovem que se
envolveu em um tiroteio no Arizona, notícia que ficou famosa porque uma das
balas atingiu a congressista americana Gabrielle Giffords na cabeça, que
sobreviveu ao ataque, não é um psicopata, segundo os especialistas.
Mas ele pode sofrer de esquizofrenia, de acordo com
os médicos que vêm o avaliando. Uma pessoa que sofre da doença mental de
esquizofrenia geralmente vive em sua própria realidade, tendo muitas vezes
alucinações e delírios.
“As pessoas que cometem assassinatos em massa não
estão, obviamente, indo bem”, disse Louis Schlesinger, psicólogo forense de
Nova York (EUA). “Basta olhar para suas atitudes ou comportamento para saber
disso. Mas não significa que são psicopatas”.
Segundo o Dr. Michael Welner, psiquiatra forense da
Universidade de Nova York (EUA), enquanto psicopatas podem cometer homicídios,
seus motivos tendem a ser específicos. Eles são geralmente conduzidos por sexo,
dinheiro ou um desejo de fugir da cena de um outro crime.
Mas para assassinos em massa, um grande motivo pode
ser a decepção consigo mesmo. Assassinos em massa podem ser homens que estão
dolorosamente conscientes de si mesmos como rejeitados sociais e sexuais em uma
sociedade que valoriza a desejabilidade social, explica Welner. “E em uma
sociedade que valoriza a conquista, eles estão conscientes de que ficaram para
trás, e não vão reverter isso. São perdedores”, diz.
Como
identificar assassinos em massa
É muito difícil, até mesmo para especialistas,
identificar possíveis ameaças a sociedade. Isso porque mesmo pessoas gravemente
perturbadas, e até mesmo paranoicas, podem levar uma vida relativamente normal.
Mas existem algumas características que geralmente
aparecem em assassinos em massa. Por exemplo, eles são normalmente homens, que
são nove vezes mais propensos a cometer um assassinato do que mulheres.
Isso pode ser até biológico, já que homens têm
níveis mais elevados de testosterona, o que os torna mais agressivos.
Culturamente, eles também aprendem a usar a violência para se defender,
diferente das mulheres.
Também existem diferentes tipos de assassinatos em
massa, impulsionados por motivações diferentes. Assassinos podem ser motivados
pela raiva, tristeza, ressentimento, ou por se sentirem usados ou maltratados.
Essas pessoas podem ter histórico de transtornos de
ansiedade e depressivos. Tanto que muitos deles se suicidam após matar outros.
Mas isso não significa que todos os assassinos em massa sofrem de doença
mental, e os assassinos em massa que têm doenças mentais graves representam
apenas uma pequena fração das pessoas com doenças mentais.
Essa pequena fração geralmente inclui pessoas que
sofrem de transtornos de humor graves, como depressão, psicoses, um tipo
particular de esquizofrenia ou algum tipo de transtorno delirante. A doença
mental pode criar motivos para ataques violentos, como uma crença ilusória de
que está sendo perseguido pelo governo.
Seja como for, é muito difícil classificar esses
tipos de pessoas em grupos que realmente têm uma chance de cometer algum ato
violento. A ciência ainda aguarda um melhor jeito de entender os profundos
cantos da mente humana.[MyHealthNewsDaily]
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