terça-feira, 21 de agosto de 2012

Para diminuir infecções por HIV/SIDA. Meta do Governo é circuncidar 3 milhões de homens até 2014



Maputo (Canalmoz) – No âmbito da “estratégia para diminuir os índices de infecção pelo HIV/SIDA na população moçambicana”, o Governo moçambicano diz que projecta até ao ano 2014 circuncidar em todo o país cerca de 3 milhões de homens, informou o Canalmoz Diogo Milagre.
O secretário-geral adjunto do Conselho Nacional de Combate ao HIV/SIDA, Diogo Milagre, avançou que neste momento decorrem cirurgias de circuncisão nos hospitais um pouco por todo o país.
De acordo com Diogo Milagre, a circuncisão constitui uma das estratégias do Governo para diminuir os índices de infecção de HIV/SIDA no país.
Contudo, Diogo Milagre não disse em que estágio se encontram essas acções de circuncisão em todo o país, muito menos adiantou números de pessoas até agora visadas e o estado de aderência.
“Não posso lhe dar os números agora porque só o Ministério da Saúde é que está a trabalhar nisso”, respondeu Diogo Milagre quando o Canalmoz procurou saber dele o nível de aderência das pessoas a essa iniciativa governamental.

Circuncisão não é método mais seguro de prevenção

No entanto, a directora de Saúde da Cidade de Maputo, Páscoa Zualo Wate, disse que a circuncisão que o Governo pretende adoptar para reduzir os níveis de infecção pelo HIV, não é um método 100 %  eficaz na prevenção.
“O Dr. Diogo sabe muito bem que a circuncisão não é 100 por cento um método de prevenção. Há realmente uma necessidade de combinação com outros aspectos”, replicou Páscoa Zualo.

Circuncisão não está a ser bem feita

Entretanto, algumas pessoas queixam-se dos maus serviços que têm sido prestados pelos agentes dos Serviços de Saúde, sobretudo no Hospital Geral José Macamo e no Hospital de Mavalane, ambos em Maputo, no âmbito da circuncisão. Segundo os queixosos, as cirurgias não estão a ser bem feitas, alegando os circuncidados que acabam sofrendo efeitos colaterais depois das operações.
Pelo menos duas pessoas queixaram-se a semana passada que os seus filhos, depois de serem submetidos a cirurgia de circuncisão no Hospital Geral José Macamo, para além das feridas têm tido problemas em cicatrizar, ficaram com problemas no sexo.
“O pénis ficou deformado, tendo formado um anel em volta de onde foi cortado. Não é aquela circuncisão que nós sabemos. Esta deixa o pénis feio e a cura é complicada”, disse um cidadão.
“Levei o meu filho ao Hospital José Macamo para fazer a circuncisão. Depois notei que havia um problema. Durante a circuncisão apareceu um senhor que disse à enfermeira que não devia fazer assim. Mais tarde a criança teve problemas”, disse o mesmo cidadão.
Um outro cidadão residente em Magoanine “C”, também conhecido por Matendene, lamentou ter ocorrido o mesmo com o seu filho.
No bairro da Polana Caniço “B”, alguns jovens e encarregados de educação queixam-se de efeitos colaterais depois da circuncisão em Mavalane.

Direcção de Saúde admite falhas nas cirurgias

Confrontada com esta informação, a directora da Saúde da Cidade de Maputo, Páscoa Zualo Wate, admitiu que esses efeitos possam existir. Prometeu ir investigar o que efectivamente aconteceu.
“Eu gostaria de ter os dados dessas crianças e da data em que a circuncisões aconteceram para poder fazer o acompanhamento e depois darmos resposta sobre o que realmente terá acontecido”, disse Páscoa Zualo.
Segundo a directora de Saúde da Cidade de Maputo, há diferentes técnicas de circuncisão e “pode ser que a pessoa que fez a circuncisão cometeu uma falha que era possível corrigir”.
Salientou que cada organismo humano reage à sua maneira. O processo de cicatrização pode acontecer de forma diferente.
“Quando acontecem situações destas, existem canais próprios para podermos fazer chegar essas informações, ao invés de ficarmos à espera de nos queixarmos em público”, observou Páscoa Zualo pedindo que de futuro se recorra a instituições apropriadas. (Bernardo Álvaro)
Imagem: petrinus.com.sapo.pt

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