Maputo
(Canalmoz) – No âmbito da “estratégia para diminuir os índices de infecção pelo
HIV/SIDA na população moçambicana”, o Governo moçambicano diz que projecta até
ao ano 2014 circuncidar em todo o país cerca de 3 milhões de homens, informou o
Canalmoz Diogo Milagre.
O
secretário-geral adjunto do Conselho Nacional de Combate ao HIV/SIDA, Diogo
Milagre, avançou que neste momento decorrem cirurgias de circuncisão nos
hospitais um pouco por todo o país.
De
acordo com Diogo Milagre, a circuncisão constitui uma das estratégias do
Governo para diminuir os índices de infecção de HIV/SIDA no país.
Contudo,
Diogo Milagre não disse em que estágio se encontram essas acções de circuncisão
em todo o país, muito menos adiantou números de pessoas até agora visadas e o
estado de aderência.
“Não
posso lhe dar os números agora porque só o Ministério da Saúde é que está a
trabalhar nisso”, respondeu Diogo Milagre quando o Canalmoz procurou saber dele
o nível de aderência das pessoas a essa iniciativa governamental.
Circuncisão não é método mais seguro de prevenção
No
entanto, a directora de Saúde da Cidade de Maputo, Páscoa Zualo Wate, disse que
a circuncisão que o Governo pretende adoptar para reduzir os níveis de infecção
pelo HIV, não é um método 100 % eficaz na prevenção.
“O
Dr. Diogo sabe muito bem que a circuncisão não é 100 por cento um método de
prevenção. Há realmente uma necessidade de combinação com outros aspectos”,
replicou Páscoa Zualo.
Circuncisão não está a ser bem feita
Entretanto,
algumas pessoas queixam-se dos maus serviços que têm sido prestados pelos
agentes dos Serviços de Saúde, sobretudo no Hospital Geral José Macamo e no
Hospital de Mavalane, ambos em Maputo, no âmbito da circuncisão. Segundo os
queixosos, as cirurgias não estão a ser bem feitas, alegando os circuncidados
que acabam sofrendo efeitos colaterais depois das operações.
Pelo
menos duas pessoas queixaram-se a semana passada que os seus filhos, depois de
serem submetidos a cirurgia de circuncisão no Hospital Geral José Macamo, para
além das feridas têm tido problemas em cicatrizar, ficaram com problemas no
sexo.
“O
pénis ficou deformado, tendo formado um anel em volta de onde foi cortado. Não
é aquela circuncisão que nós sabemos. Esta deixa o pénis feio e a cura é
complicada”, disse um cidadão.
“Levei
o meu filho ao Hospital José Macamo para fazer a circuncisão. Depois notei que
havia um problema. Durante a circuncisão apareceu um senhor que disse à
enfermeira que não devia fazer assim. Mais tarde a criança teve problemas”,
disse o mesmo cidadão.
Um
outro cidadão residente em Magoanine “C”, também conhecido por Matendene,
lamentou ter ocorrido o mesmo com o seu filho.
No
bairro da Polana Caniço “B”, alguns jovens e encarregados de educação
queixam-se de efeitos colaterais depois da circuncisão em Mavalane.
Direcção de Saúde admite falhas nas cirurgias
Confrontada
com esta informação, a directora da Saúde da Cidade de Maputo, Páscoa Zualo
Wate, admitiu que esses efeitos possam existir. Prometeu ir investigar o que
efectivamente aconteceu.
“Eu
gostaria de ter os dados dessas crianças e da data em que a circuncisões
aconteceram para poder fazer o acompanhamento e depois darmos resposta sobre o
que realmente terá acontecido”, disse Páscoa Zualo.
Segundo
a directora de Saúde da Cidade de Maputo, há diferentes técnicas de circuncisão
e “pode ser que a pessoa que fez a circuncisão cometeu uma falha que era
possível corrigir”.
Salientou
que cada organismo humano reage à sua maneira. O processo de cicatrização pode
acontecer de forma diferente.
“Quando
acontecem situações destas, existem canais próprios para podermos fazer chegar
essas informações, ao invés de ficarmos à espera de nos queixarmos em público”,
observou Páscoa Zualo pedindo que de futuro se recorra a instituições
apropriadas. (Bernardo Álvaro)
Imagem: petrinus.com.sapo.pt
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