Um experimento feito com caracois está descobrindo mais sobre como e porque as pessoas viçam viciadas
Para quem não entende de fármacos ou de drogas (ou de ambos), a metanfetamina é uma droga altamente potente, que vicia rapidamente. Chamada aqui no Brasil de “Cristal” ou “Bolinha”, seu aspecto físico é muito semelhante ao da cocaína: são cristais (daí o nome) químicos de coloração branca, que refinados ficam em forma de pó. Os principais métodos de aplicação são também os mesmos da coca: cheirando ou injetando na veia (embora os usuários também a posam fumar, ou – acreditem – aplicá-la pelo canal retal). Os efeitos também são parecidos: eleva os batimentos e a pressão sanguínea a níveis perigosos, causa euforia, apetite sexual e sensação de confiança extrema. Grosso modo, e embora a composição química seja bem diferente, é uma cocaína talvez mais perigosa.
Pois essa droga boazinha foi utilizada em caracois para o experimento. Os moluscos, que respiram dentro da água, a não ser que haja muito pouco oxigênio nela. Nesse caso, eles sobem à superfície e abrem um tubo de respiração. A pesquisa expôs alguns a uma dose da metanfetamina e outros não. Quando todos subiam à tona, eram machucados com um palito para não voltarem à superfície. Repetiram a operação quantas vezes foi necessário para que eles aprendessem a não subir. Os caracois expostos à metanfetamina aprenderam mais rapidamente, ou seja, a droga reforçou as experiências na memória deles. Além disso, os não-drogados se esqueceram da experiência em apenas 24 horas, mas os “anfetaminados” continuaram não subindo, muito depois de passar o efeito da droga.
Os cientistas querem tirar conclusões úteis à sociedade dessa experiência. Para eles, é possível entender mais sobre como funciona a memória humana, e como as drogas atuam nas células do cérebro. Com isso, talvez seja possível não apenas controlar o vício de usuários de drogas, no futuro, como entender mais sobre o funcionamento da memória, um grande mistério da medicina. [BBC]
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