O jovem cientista alemão Andreas Draguhn, de 35 anos, tem se debruçado durante anos sobre o quebra-cabeça dos microscópicos eventos ocorridos nas redes neuronais. Na Universidade Max Planck, seus olhos perscrutam diariamente estruturas moleculares do cérebro humano, o que lhe permite estabelecer padrões de comportamento dessas micro centrais de transmissão de dados.
Fonte: http://www.estado.estadao.com.br/
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Células clonadas, artificiais, oferecem a Draguhn a oportunidade de estudar a estrutura e função das moléculas, especialmente nas regiões pós-sinápticas. Ali, registram-se os in-puts de informação no neurônio. Nessa área, tem sido importante o estudo dos receptores, como que pontos de engate que se sensibilizam ao contato com os neurotransmissores.
"Temos uma enorme gama de eventos que se produzem durante esse processo de comunicação entre os neurônios", afirma Draguhn. "Várias doenças e disfunções apresentam como causa alterações nesse processo", diz. Conhecidos problemas neuropsicológicos têm, de fato, origem em distúrbios no funcionamento dos receptores. Nesse caso, de nada adiantariam doses suplementares de substâncias neurotransmissoras, como a serotonina e a dopamina.
Seria como se houvesse um grande estoque de chaves de boa qualidade, tornadas inúteis pela mudança nos segredos das fechaduras em que se conectavam. Somente a serotonina tem mais de uma dezena de diferentes receptores. Equívocos na hora de se abrir a "caixa do correio" neuronal podem ser responsáveis por diversas patologias, como o distúrbio obsessivo compulsivo, a esquizofrênia e a síndrome de pânico.
"O conhecimento desses elaborados sistemas de conexão pode resultar, no futuro, no desenvolvimento de novas drogas ou em eventuais práticas de prevenção de doenças", afirma o cientista. O desafio hoje é conhecer melhor os padrões das múltiplas conexões entre as células, reconhecer suas especificidades e catalogar o repertório de funções dos neurotransmissores. Por último, entram em ação os chaveiros moleculares, como Draguhn, cuja especialidade é desvendar o segredo das fechaduras dos receptores. Encontrar a chave para a solução de mais um mistério na grande aventura do conhecimento do cérebro.
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