sexta-feira, 30 de julho de 2010

Urina pode ser usada como combustível


Todo dia, pela manhã, você acorda e vai direto ao banheiro desperdiçar um pouco de um combustível valioso. Pelo menos é essa a realidade que está sendo criada por um cientista de um laboratório de Bristol (Inglaterra), que está usando a urina para gerar energia. Eles desenvolveram um robô, chamado de EcoBot-III, que funciona perfeitamente apenas à base de urina. O projetolevou três anos e meio para ficar pronto, e rendeu um prêmio de 564.561 libras esterlinas (algo em torno de um milhão e meio de reais!) ao seu criador, o biólogo Ioannis Ieropoulos.

A máquina, basicamente, funciona da seguinte maneira: o robô é movido por “Células a Combustível Microbianas” (MFCs, na sigla em inglês), uma tecnologia que já era usada para gerar energia a partir de água de esgoto. A diferença, nesse caso, é que as Células usam culturas de bactérias que se alimentam da urina, a digerem e liberam energia no processo, colocando o EcoBot-III em funcionamento.

O desafio agora é ampliar as bases de pesquisa nesse campo. Um dos problemas que ainda estão por resolver é que as MFCs, por enquanto, ainda funcionam apenas isoladamente e precisam estar ligadas a um gerador elétrico. Os pesquisadores pretendem criar uma espécie de “pilha de MFCs”, na qual várias células atuem em conjunto e de forma independente, o que deverá gerar muito mais energia.

Antes de descobrir o uso da urina, Ieropoulos já havia tentado uma variedade de outros materiais biodegradáveis, tais como frutas podres, grama, cascas de camarão e moscas mortas. O objetivo era achar algo que, digerido pelas bactérias, gerasse o máximo em energia. Até agora, nenhum material teve o mesmo desempenho da urina, que é rica em nitrogênio e tem compostos como a uréia, cloro, potássio e a bilirrubina, um composto derivado da hemoglobina que é excretada pelos rins. Esse conjunto de elementos torna a urina quimicamente muito ativa, fazendo dela um combustível excelente. Ela tem, segundo Ieropoulos, um imenso potencial ainda não explorado na geração de energia, porque as MFCs ainda têm muito em que se aperfeiçoar.

Retirar energia de produtos biodegradáveis pode modificar a maneira como tratamos nossos dejetos. Ieropoulos explica que não apenas a urina, mas outros rejeitos do corpo humano também teriam potencial para extração de energia, sem falar em outros líquidos que hoje jogamos fora, como a água de esgoto (a equipe do cientista já fez um “convênio” com a estação de tratamento de esgoto da cidade). A solução para o fim dos combustíveis fósseis, ao que parece, está em transformar nossos dejetos em combustível. [Science Daily]

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